sexta-feira, 23 de novembro de 2012

AVALIAÇÃO NA ENSINAGEM E APRENDIZAGEM DE JOVENS E ADULTOS: EM FOCO O ATO DE LER E ESCREVER


AVALIAÇÃO NA ENSINAGEM E APRENDIZAGEM DE JOVENS E ADULTOS: EM FOCO O ATO DE LER E ESCREVER
           FERREIA, Ana Paula Martini.
MOREIRA, Gisele dos Santos.
                MANN, Marcilene Andrea Pastorei.
NEVES, Maria Júlia.
DAMASCENO, Taiza Antonia Candido.

Neste Artigo se pretende evidenciar que existe um caminho, de uma alfabetização consciente, sem traumas e, de que ler e escrever, a partir do princípio construtivista, pode ser um caminho sem segredos para muitos educadores. Assim, o objetivo deste Artigo é destacar a idéia construtivista diante da leitura e da escrita, em uma visão sem preconceitos, para que se tenha mais uma alternativa a ser seguida diante do trabalhado dos educadores que atuam na Modalidade EJA.
Segundo Freire (1997) o bom professor é aquele que se coloca junto com o educando e procura superar com o educando o seu não saber e as suas dificuldades, com uma relação de trocas onde ambas as partes aprendem, assim, há uma grande preocupação com os processos de ensino e de aprendizagem por que passam as pessoas que frequentam a EJA, por exemplo, pois estão elas afastadas da realidade escolar, no entanto são pessoas que trazem conhecimentos que não podem ser desconsiderados nos bancos escolares. Há de ser considerado que a construção do aprendizado em alfabetização se faz melhor por meio de uma contextualização da leitura e da escrita porque desta maneira se considera a realidade do educando como forma acumulativa da aprendizagem, assim, não desprezando o que o educando da EJA traz consigo no que se refere ao conhecimento.
Segundo Rego (1980, p. 76) “a prática pedagógica na alfabetização vem sofrendo influência sobre o tema construtivista”. Valoriza o que os educandos conhecem ou o chamado conhecimento prévio, o que a criança traz de casa, assim, os conhecimentos são aproveitados para o uso da alfabetização. Neste sentido, trabalhar e avaliar na EJA é um tanto quanto desafiador, pois envolve questões importantes aspectos como o social, o político e o educacional. É uma atividade complexa devido à evidência da grande heterogeneidade presente nessa modalidade de ensino, pois quem cursa esta modalidade são pessoas acima de quinze anos, estas, muitas vezes, excluídas da escola na infância, neste sentido, o contexto da EJA se dá por membros de diversos grupos culturais. Desta forma, a escola voltada à Educação de Jovens e Adultos é, ao mesmo tempo, um local de confronto de culturas e um local de encontro de singularidades.
Portanto, se faz importante entender o processo de aquisição da escrita pelos jovens e adultos sob diferentes pontos de vista, como o ponto de vista mais comum, onde a escrita é imutável e deve se seguir o modelo "correto" do adulto já escolarizado e, o ponto de vista do trabalho de Emília Ferreiro, por exemplo, “onde a escrita é um objeto de conhecimento, levando em conta as tentativas individuais e, o ponto de vista da interação, o aspecto social da escrita, onde a alfabetização é um processo discursivo”. Cabe a nós pedagogos pensar nesses pontos de vista e construir o nosso (FERREIRO p.13, 1985).
Entende-se que a aprendizagem do jovem e do adulto deve ter sentido, ser um processo interativo e a escola tem que trabalhar com o contexto destes educandos, com histórias e com intervenções dos próprios envolvidos neste processo que podem aglutinar palavras, desde que essas palavras ou histórias façam algum sentido para eles em um paralelo co  a realidade em que vivem. Os ‘erros’ dos educandos podem ser trabalhados, ao contrário do que a maioria dos educadores pensa, pois esses ‘erros’ demonstram uma construção e com o tempo vão diminuindo.
Sabe-se que o professor precisa criar em sala de aula um ambiente de aprendizagem, por sua vez não deixando de lado a realidade em que os educandos estão inseridos, deixando assim, sentirem-se com liberdade tendo no professor a confiança como um mediador, um facilitador da aprendizagem, como uma referência para o início de uma caminhada escolar que venha culminar com a caminhada social que todos já têm.
Ressalta-se que a organização do conhecimento deve ter foco na temática a ser desenvolvida levando em consideração a relação entre conceitos cotidianos e conceitos científicos. É necessário que haja espaço para momentos de diálogo entre alunos e também entre alunos e professores para discutirem as atividades e as situações de experiências vividas e a serem vividas. É preciso que se montem estratégias que possibilite a utilização do conhecimento até então adquirido pelos alunos, permitindo que os mesmos superem os seus fracassos anteriores.
Segundo Luckesi (2005):
A avaliação poderia ser compreendida como uma crítica do percurso de uma ação, seja ela curta, seja prolongada. Enquanto o planejamento dimensiona o que se vai construir, a avaliação subsidia essa construção, porque fundamenta novas decisões. (...) A avaliação será, então, um sistema de crítica do próprio projeto que elaboramos e estamos desejando levar adiante. (...) um ato de cuidado, pelo qual todos verificam como estão criando seu bebê e como podem trabalhar para que ele cresça (LUCKESI, 2005, 16).

É importante destacar que, mediante a prática pedagógica que não é mais a mesma desde o momento em que o professor está respaldado por um referencial teórico que tem no educando um parceiro do próprio conhecimento, a aprendizagem flui de forma natural e prazerosa. Assim, visualiza-se outro caminho, o caminho de uma prática diferenciada, onde o educando é um sujeito ativo e que enquanto professor se tem que considerar este contexto, incentivando e oportunizando o ler e o escrever contextualizado com a vida do educando, principalmente, em se tratando de educandos da EJA. Pois, acredita-se que seja dessa forma o melhor método de trabalho e forma de avaliação no que se refere à aprendizagem tanto na EJA como em qualquer outra modalidade de ensino.
Desta forma, é importante saber que a prática docente é a que dirige efetivamente caminhos a serem seguidos pelos educandos da EJA, principalmente, quanto aos atos de ler e de escrever, assim, o professor deverá mediar à aprendizagem e desta ação criar outra que é a de facilitar o avanço do educando, no sentido de contribuir para o enriquecimento destas duas fases importantes para qualquer educando possa ler e escrever com entendimento em uma avaliação diagnóstica e prognóstica.


REFERÊNCIA SBIBLIOGRÁFICAS


FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. 9 ed. São Paulo: Cortez, 1985.


Freire, Paulo Régis Neves. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1997.


LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. Cortez Editora, São Paulo, 2005, 21ª reimpressão, 183 páginas.O livro foi escrito para compor a Coleção Magistério do 2º Grau, da Cortez Editora


REGO, Lúcia Lins Browne. A alfabetização numa perspectiva construtivista. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1993.


ZACHARIAS, Vera Lúcia Camara F. Ler não é decifrar, escrever não é copiar. Publicado em 20/07/2004. Site: http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/biografia_emiliaferreiro.htm acesso em 08 de junho de 2008.

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