AVALIAÇÃO NA ENSINAGEM E APRENDIZAGEM DE JOVENS E ADULTOS: EM FOCO O ATO
DE LER E ESCREVER
FERREIA, Ana Paula Martini.
MOREIRA,
Gisele dos Santos.
MANN, Marcilene Andrea Pastorei.
NEVES,
Maria Júlia.
DAMASCENO,
Taiza Antonia Candido.
Neste Artigo se pretende evidenciar que existe um caminho, de uma
alfabetização consciente, sem traumas e, de que ler e escrever, a partir do
princípio construtivista, pode ser um caminho sem segredos para muitos educadores.
Assim, o objetivo deste Artigo é destacar a idéia construtivista diante da
leitura e da escrita, em uma visão sem preconceitos, para que se tenha mais uma
alternativa a ser seguida diante do trabalhado dos educadores que atuam na
Modalidade EJA.
Segundo Freire (1997) o bom
professor é aquele que se coloca junto com o educando e procura superar com o
educando o seu não saber e as suas dificuldades, com uma relação de trocas onde
ambas as partes aprendem, assim, há uma grande preocupação com os
processos de ensino e de aprendizagem por que passam as pessoas que frequentam
a EJA, por exemplo, pois estão elas afastadas da realidade escolar, no entanto
são pessoas que trazem conhecimentos que não podem ser desconsiderados nos
bancos escolares. Há de ser considerado que a construção do aprendizado em
alfabetização se faz melhor por meio de uma contextualização da leitura e da
escrita porque desta maneira se considera a realidade do educando como forma
acumulativa da aprendizagem, assim, não desprezando o que o educando da EJA
traz consigo no que se refere ao conhecimento.
Segundo Rego (1980, p. 76) “a prática
pedagógica na alfabetização vem sofrendo influência sobre o tema
construtivista”. Valoriza o que os educandos conhecem ou o chamado conhecimento
prévio, o que a criança traz de casa, assim, os conhecimentos são aproveitados
para o uso da alfabetização. Neste sentido, trabalhar e avaliar na EJA é um
tanto quanto desafiador, pois envolve questões importantes aspectos como o
social, o político e o educacional. É uma atividade complexa devido à evidência
da grande heterogeneidade presente nessa modalidade de ensino, pois quem cursa
esta modalidade são pessoas acima de quinze anos, estas, muitas vezes,
excluídas da escola na infância, neste sentido, o contexto da EJA se dá por membros
de diversos grupos culturais. Desta forma, a escola voltada à Educação de
Jovens e Adultos é, ao mesmo tempo, um local de confronto de culturas e um
local de encontro de singularidades.
Portanto, se faz importante entender o processo de aquisição da escrita
pelos jovens e adultos sob diferentes pontos de vista, como o ponto de vista
mais comum, onde a escrita é imutável e deve se seguir o modelo
"correto" do adulto já escolarizado e, o ponto de vista do trabalho
de Emília Ferreiro, por exemplo, “onde a escrita é um objeto de conhecimento,
levando em conta as tentativas individuais e, o ponto de vista da interação, o
aspecto social da escrita, onde a alfabetização é um processo discursivo”. Cabe
a nós pedagogos pensar nesses pontos de vista e construir o nosso (FERREIRO
p.13, 1985).
Entende-se que a aprendizagem do jovem e do adulto deve ter sentido, ser
um processo interativo e a escola tem que trabalhar com o contexto destes
educandos, com histórias e com intervenções dos próprios envolvidos neste processo
que podem aglutinar palavras, desde que essas palavras ou histórias façam algum
sentido para eles em um paralelo co a
realidade em que vivem. Os ‘erros’ dos educandos podem ser trabalhados, ao
contrário do que a maioria dos educadores pensa, pois esses ‘erros’ demonstram
uma construção e com o tempo vão diminuindo.
Sabe-se que o professor precisa criar em sala de aula um ambiente de
aprendizagem, por sua vez não deixando de lado a realidade em que os educandos
estão inseridos, deixando assim, sentirem-se com liberdade tendo no professor a
confiança como um mediador, um facilitador da aprendizagem, como uma referência
para o início de uma caminhada escolar que venha culminar com a caminhada
social que todos já têm.
Ressalta-se que a organização do conhecimento deve ter foco na temática a
ser desenvolvida levando em consideração a relação entre conceitos cotidianos e
conceitos científicos. É necessário que haja espaço para momentos de diálogo
entre alunos e também entre alunos e professores para discutirem as atividades
e as situações de experiências vividas e a serem vividas. É preciso que se
montem estratégias que possibilite a utilização do conhecimento até então
adquirido pelos alunos, permitindo que os mesmos superem os seus fracassos
anteriores.
Segundo Luckesi
(2005):
A
avaliação poderia ser compreendida como uma crítica do percurso de uma ação,
seja ela curta, seja prolongada. Enquanto o planejamento dimensiona o que se
vai construir, a avaliação subsidia essa construção, porque fundamenta novas
decisões. (...) A avaliação será, então, um sistema de crítica do próprio
projeto que elaboramos e estamos desejando levar adiante. (...) um ato de
cuidado, pelo qual todos verificam como estão criando seu bebê e como podem trabalhar
para que ele cresça (LUCKESI, 2005, 16).
É importante destacar que, mediante a prática pedagógica que não é mais a
mesma desde o momento em que o professor está respaldado por um referencial
teórico que tem no educando um parceiro do próprio conhecimento, a aprendizagem
flui de forma natural e prazerosa. Assim, visualiza-se outro caminho, o caminho
de uma prática diferenciada, onde o educando é um sujeito ativo e que enquanto
professor se tem que considerar este contexto, incentivando e oportunizando o
ler e o escrever contextualizado com a vida do educando, principalmente, em se
tratando de educandos da EJA. Pois, acredita-se que seja dessa forma o melhor método de trabalho e forma de
avaliação no que se refere à aprendizagem tanto na EJA como em qualquer outra
modalidade de ensino.
Desta forma, é importante saber que a prática docente é a que dirige
efetivamente caminhos a serem seguidos pelos educandos da EJA, principalmente,
quanto aos atos de ler e de escrever, assim, o professor deverá mediar à
aprendizagem e desta ação criar outra que é a de facilitar o avanço do
educando, no sentido de contribuir para o enriquecimento destas duas fases
importantes para qualquer educando possa ler e escrever com entendimento em uma
avaliação diagnóstica e prognóstica.
REFERÊNCIA SBIBLIOGRÁFICAS
FERREIRO, Emília. Reflexões
sobre alfabetização. 9 ed. São Paulo: Cortez, 1985.
Freire, Paulo
Régis Neves. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Editora Paz e Terra,
1997.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia
da Educação. Cortez Editora, São Paulo, 2005, 21ª
reimpressão, 183 páginas.O livro foi escrito para compor a Coleção Magistério
do 2º Grau, da Cortez Editora
REGO, Lúcia Lins Browne. A alfabetização numa perspectiva construtivista. 2 ed. São Paulo:
Cortez, 1993.
ZACHARIAS, Vera Lúcia Camara F. Ler não é decifrar, escrever não é copiar.
Publicado em 20/07/2004. Site:
http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/biografia_emiliaferreiro.htm acesso em
08 de junho de 2008.
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